Já tivemos oportunidade de afirmar que o amor é a nossa vocação fundamental. Portanto, trata-se de algo que é essencial para o nosso viver, sem o qual o existir humano não encontra sentido e realização. Somos vocacionados para o amor. É somente na medida em que correspondemos a este apelo que nos tornamos pessoa em plenitude e encontramos o verdadeiro caminho para a felicidade.
Enquanto vocacionados em Cristo, somos convidados a fazer dele a nossa medida. Ou seja, não queremos amar de qualquer forma, ou como estabelecem os meios de comunicação, ou o modo atual de se vivenciar o amor na sociedade, marcado preponderantemente pela busca do prazer. Desejamos amar em Cristo. Nele reconhecemos o Mestre do amor por excelência e desejamos dele aprender as lições do amor.
Amar em Cristo é reconhecer a gratuidade do amor. Este por si mesmo é gratuito, misteriosamente irrompe na nossa vida sem nos dizer o porquê, simplesmente nos sentimos tomados, imersos em algo tão intenso e forte. Esta gratuidade do surgimento do amor, deve acompanhar também a sua vivência. Por vezes amamos, querendo algo em troca e fazemos disso uma condição para o nosso amor. Jesus nos aponta o caminho do amor gratuito, ensinando-nos que nada se perda quanto se ama, pelo contrário se ganha.
Amar em Cristo é sair de si. O amor é uma das expressões concretas da dimensão relacional do ser humano. Este não foi feito para viver isolado, é um ser de relações. Por isto que amor ter a ver com comunicação. Amar é comunicação, é ir ao encontro, é estabelecer laços, formar comunhão. Este dinamismo centrífugo, próprio do amor, deve também configurar a sua expressão concreta no relacionamento. Neste, é preciso sair do centro e deixar que o outro seja o tu que ocupa a centralidade dos nossos interesses. Quem ama sai de cena e deixa o outro ser o protagonista da história.
Amar em Cristo é promover o outro. Uma das expressões da gratuidade do amor é querer o bem da pessoa que se ama. É isto na verdade comprometer-se com a felicidade da pessoa amada. O sair de si leva consequentemente à afirmação do outro. Esta consiste na busca de promoção da pessoa. A grandeza de um amor genuíno e puro demonstra-se na felicidade que se goza ao contemplar o crescimento e desenvolvimento de quem amamos.
Resumindo esta três características, podemos dizer que amar em Cristo é fazer-se dom. O que caracteriza o dom é realmente o fato de ele ser algo nosso, que é dado gratuitamente para a felicidade de quem se presenteia. É isto que queremos aprender a viver enquanto chamados a amar. Queremos viver no dom, queremos aprender a fazer de nossas vidas dom para todos aqueles que cruzarem o nosso caminho. Foi realmente esta a vida de Cristo. Ele foi o grande dom do Pai para a humanidade e viveu toda a sua vida como um dom para nós. É esta a dinâmica configurativa de quem ama em Cristo.
Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
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