Diz
a mitologia que Tântalo foi castigado por ofender os deuses. Preso num lago
tinha água abaixo do queixo e acima da cabeça havia galhos de árvores com
muitas frutas. Ao baixar a cabeça e tentar saciar sua sede, Tântalo via a água
retroceder, ao tentar erguer-se e colher frutos, ele via os galhos escaparem de
suas mãos. Tântalo tornou-se símbolo da frustração, pois nunca estava saciado
embora tivesse muito perto de si aquilo que precisava.
Muitos
catequistas sentem-se frustrados em sua caminhada pastoral. Alguns tentam beber
de todas as fontes que a Igreja lhe dispõe: leituras, formações, estudos de
documentos, retiros, etc. Miram em várias coisas, tentam ser razoavelmente bons
e conhecedores de tudo de uma só vez. Ainda assim, não conseguem sair da
superfície e como Tântalo, não conseguem matar sua sede.
Isso
acontece geralmente porque não temos objetivo, não temos foco. Acredito que a
grande maioria dos catequistas não vive só para a Catequese, como gostariam.
Eles estudam, trabalham, tem família e às vezes inúmeros problemas dentro de
casa. São pessoas ocupadas que mergulham em um monte de coisas, buscando aqui e
ali um refúgio.
Já
que somos tão ocupados e cheios de atividades além da Igreja, não seria sensato
focar em apenas uma coisa por vez? Que tal propormos um tema, apenas um para
estudarmos durante o ano? Talvez assim, ganhássemos tempo e conhecimento.
Mataríamos nossa sede de ao menos uma coisa e conseguiríamos impulso para nos
direcionarmos na próxima etapa.
Voltando
ao nosso personagem, Tântalo não conseguia colher frutos. Nós também, muitas
vezes não conseguimos colhê-los na Catequese e isso acontece justamente porque
não nos dedicamos como deveríamos, não damos atenção a Catequese do contato,
sendo exemplo e testemunho para os catequizandos, demonstrando ardor e paixão
pelo Cristo que anunciamos.
De que adianta
adquirirmos tantos livros e participarmos de tantas atividades formadoras se
isso não se reflete em nosso fazer catequético? Continuaremos frustrados como
Tântalo, por não matar a sede e não colher os frutos. Só vale a pena investir
em formação pessoal, quando eu estou disposta a por o que aprendi em prática e
a proporcionar uma evangelização com mais ênfase diante de quem me foi
confiado.
Se
a sua paróquia não tem uma proposta norteadora de formação, faça a sugestão às
lideranças. Se ainda assim essa proposta não surgir, converse com os
catequistas, sonde-os, proponha um debate em torno do que de fato sentem
urgência em se aprofundar. Busque, corra atrás de um formador que possa
acompanhá-los durante o ano, mesmo que seja em apenas três ou quatro encontros.
Tenha foco, mire o objetivo e siga a diante, é hora de tentar mudar.O que não
podemos e nem queremos é permanecermos “tantalizados”!
Clécia Ribeiro