Em Setembro, seguindo o calendário de formações a nível Arquidiocesano teremos um momento para falar do Evangelho segundo São Marcos. Estaremos então, fomentando a sede de saber de vocês catequistas publicando alguns textos referentes a este livro.
Fiquem atentos, leiam e preparem-se para participar da nossa formação que acontecerá dia 02.09 na Paróquia São José Operário!
1. Antecedentes (um pouco de memória):
No Antigo Testamento, Deus escolheu o seu povo. Foi uma escolha feita com amor (Dt 7,7-8). Fez uma Promessa: “terra, descendência e bênção”. Ele firmou uma Aliança com o seu povo: “Eu serei o vosso Deus e vocês serão meu povo!”. Deus libertou seu povo da escravidão do Egito (Ex 3,7-10) e o conduziu à Terra Prometida, veio habitar no meio do seu povo e fazer caminhada com ele. “Todas as Promessas que o Senhor fez ao povo de Deus, nenhuma falhou: todas se cumpriram!” (Js 21,45). Mas o AT termina num clima de espera.
Pela boca dos Profetas, o Senhor fez mais uma Promessa: enviar o Messias esperado, o “novo Moisés” (cf. Dt 18,18). O AT termina com a Promessa do envio de “Elias”, que antecederá o Dia do Senhor! (cf. Ml 3,1.22-23).
O Evangelho de Marcos surgiu depois de uma longa caminhada. Jesus passou pelo mundo fazendo o bem e ensinando a Boa Notícia do Reino de Deus. Foi morto e no terceiro dia Deus o ressuscitou. Depois disso, seus seguidores e seguidoras formaram comunidades para viver aquilo que Jesus ensinou. Mas Ele não deixou nada por escrito. Havia a tradição oral daquilo que Jesus fez e disse. Passavam os anos e muitos dos que viram e ouviram Jesus (as testemunhas oculares) já haviam morrido, algumas heresias começavam a surgir. Então surgiu a necessidade de deixar por escrito a mensagem de Jesus! Apareceram muitos escritos. Mas só quatro é que foram considerados inspirados e aceitos pela Igreja. São os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.
Neste ano de 2006, ano B, na liturgia dos domingos do tempo comum, estamos proclamando e celebrando o Evangelho de Marcos. Vamos conhecer um pouco mais!
2. Quem é o Evangelista Marcos?
- João Marcos (o primeiro nome é hebraico e o segundo romano) era primo de Barnabé (Cl 4,10), de família levita (At 4,36). Acompanhou o Apóstolo Paulo e Barnabé (At 12,25; 13,5) e depois separou-se deles (At 13,13) e isso parece ter irritado Paulo, então Marcos e Barnabé foram para Chipre (At 15,36-39). Mas na prisão de Paulo está com ele novamente (Cl 4,10), que o cita entre os “seus colaboradores” (Fm 24) e o Apóstolo pede sua ajuda antes de morrer (2Tm 4,11). Foi também companheiro de Pedro, que o chamava de “meu filho” (1Pd 5,13). Alguns afirmam que o Evangelho de Marcos é o resumo da Catequese de Pedro.
- Há dúvidas se Marcos conheceu Jesus pessoalmente. Alguns pensam que seria Marcos o jovem que “fugiu nu” de Mc 14,52 (pois só Marcos narra este episódio). Existe também a hipótese que tenha sido na casa da mãe de João Marcos, em Jerusalém, que Jesus celebrou a Última Ceia (14,12-31), já que era um local de oração e acolhida, pois foi para esta casa que Pedro se dirigiu ao ser libertado da prisão (At 12,12).
3. Data, local e comunidade onde surgiu
- Quase todos os biblistas concordam que o Marcos foi o primeiro dos quatro evangelistas a concluir o seu Evangelho. Deve ter sido escrito entre os anos 60 e 75 dC.
- Quanto ao local, há duas hipóteses. Alguns afirmam que foi escrito na Galiléia e no sul da Síria. Mas a possibilidade mais aceita é que tenha sido escrito em Roma. Esta hipótese é mais aceita e conta com o apoio de Clemente de Alexandria, São Jerônimo, Eusébio, Santo Agostinho... e outros escritores antigos.
- Embora o autor seja Marcos, é certo que o Evangelho nasceu em uma comunidade concreta. É uma comunidade que busca, que caminha, que já sente a perseguição, que quer saber quem é Jesus e como segui-lo, mas sobretudo é uma comunidade que quer receber o ensinamento de Jesus.
- Marcos não escreve aos judeus (como Mateus), mas aos pagãos, por isso explica muitos termos e práticas dos judeus. Mateus ressalta mais a figura do Pai; Lucas a ação do Espírito Santo e Marcos a missão do Filho Jesus Cristo. Mas os três Evangelhos são trinitários.
- Marcos não quer escrever uma história de Jesus, mas quer transmitir a Mensagem de Jesus. Não é uma biografia, mas uma coleção de testemunhos de fé.
4. Marcos e os outros Evangelhos:
- É o mais curto dos quatro Evangelho. Mas não é um resumo de Mateus como muitas vezes se afirmou. É um Evangelho onde todas as palavras são importantes. Marcos é preciso e muito objetivo.
- Encontramos também algumas ausências. Em Mc não temos a genealogia e a infância de Jesus, nem o Pai Nosso e as Bem-aventuranças. As tentações estão resumidas.
- Marcos relata duas multiplicações dos pães. A primeira (6,30-44) é para os judeus e sobram “doze cestos”. Doze é o número das tribos de Israel e dos Doze Apóstolos. A segunda (8,1-10) é para os pagãos e sobram “sete cestos”. Sete é o número do Diáconos gregos de At 6,1-6 e o número das nações pagãs (At 13,19).
- Marcos é mais universalista. A seção de 7,1 a 8,10 é um chamado aos pagãos à salvação.
- Só Marcos usa a palavra “Evangelho” que é uma Boa Notícia da parte de Jesus Cristo e da parte de Deus! A palavra “Evangelho” aparece 7 vezes (1,1.14.15; 8,35; 10,29; 13,10; 14,9)
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Fonte: Capucinhos