Aconteceu
dia 04 de maio de 2014, no Spazzio D. Itamar Vian um riquíssimo encontro de
Formação para Catequistas, organizado pela equipe Arquidiocesana. Foi
trabalhado o tema: COMUNIDADE DE COMUNIDADES - UMA NOVA PARÓQUIA, estudo 104 -
CNBB. Este encontro contou com a assessoria do Frei Mário Sergio da Paróquia
Santo Antônio - Capuchinhos.
Do que trata o estudo 104?
O Documento de Aparecida,
resultado da 5ª Conferência do episcopado latino-americano (realizada em 2007,
com abertura feita pelo Papa Bento XVI), fala da necessidade de renovação,
revitalização e mesmo transformação das estruturas da Igreja, a começar pela
Paróquia. Fala do esforço a ser empreendido para superar uma pastoral de
manutenção e da necessidade de uma conversão pastoral.
É nesse contexto de desafios
que emerge o fenômeno da migração religiosa, que vem acontecendo de forma
intensa há pelo menos duas décadas. Os dois últimos censos (2000 e 2010)
oferecem um mapa dessa migração, mostrando a diminuição considerável do número
de católicos no Brasil. Em 1990, os católicos somavam cerca de 83% da população
brasileira; em 2000, somavam 73,6% dos brasileiros e, em 2010, diminuíram para
64,6%. Tais dados trazem preocupação à Igreja, chamada, hoje, a responder a
importantes e novos desafios:
1. O desafio da vida urbana.
As paróquias hoje são, geralmente, demograficamente densas, territorialmente
grandes, especialmente as localizadas em áreas periféricas das grandes e médias
cidades. Daí a necessidade de uma descentralização por meio da existência, em
cada paróquia, de outras comunidades eclesiais, além daquela que se reúne na
igreja matriz. A expressão "comunidade de comunidades" indica a
paróquia em sua presença expandida, formando como que uma rede de comunidades.
Onde surge um novo bairro, sem demora, a Paróquia deveria providenciar espaço
físico (terreno) para uma nova comunidade.
2. O desafio da identidade.
Uma comunidade eclesial será sempre constituída levando em conta as três
dimensões fundamentais da vida da Igreja: palavra – liturgia – caridade. A
Palavra de Deus chega pelo anúncio do evangelho e pela catequese em todos os
níveis, na Igreja. A caridade é o testemunho visível de amor ao próximo,
especialmente aos pobres. Tal testemunho dá credibilidade à presença dos
cristãos chamados a ser "luz do mundo". A vida litúrgica e demais
aspectos da vida da Igreja têm seu centro na Eucaristia, especialmente a dominical,
celebrada no dia do Senhor. Daí a necessidade da presença do sacerdote, a
importância de uma eficaz pastoral vocacional e a valorização do ministério
ordenado do presbiterato.
3. O protagonismo dos
leigos. Cada cristão, isto é, cada batizado, é a presença viva da Igreja no
ambiente da sociedade onde ele vive, trabalha, se relaciona. É no mundo e para
o mundo que ele dá testemunho público de sua fé e o bom exemplo de pai, mãe,
profissional, cidadão... Através do leigo, a Igreja se faz presente nas
realidades seculares (presença do mundo no coração da Igreja e presença da
Igreja no coração do mundo). Para que isso aconteça, é necessário que o leigo
seja valorizado, incentivado, formado e a ele sejam confiados serviços
(ministérios), a partir de seus dons (carismas).
Há serviços que os leigos
realizam no âmbito interno da Igreja: anúncio da palavra (ministros da
palavra), catequese, serviço do altar (ministros extraordinários da sagrada
comunhão, salmistas), ministério da coordenação, administração, pastoral dos
enfermos, serviço da caridade, isto é, aos pobres, cf. palavras do apóstolo
Paulo: nós só nos deveríamos lembrar dos pobres, o que, aliás, tenho procurado
fazer com solicitude (Gl 2,10). E a opção preferencial pelos pobres se expande
considerando a dimensão profética e transformadora da missão dos leigos, sendo
fermento, sal e luz (agente) na construção de uma sociedade justa e solidária.
4. Novas expressões. A
Paróquia – com seu pároco, suas comunidades, pastorais e conselhos – deve ser o
lugar de acolhida das novas realidades ou novas expressões da vida eclesial,
como os movimentos, as novas comunidades, as comunidades de vida, as
associações. Deve abrir-se também à possibilidade da existência de comunidades
e paróquias ambientais, ou seja, aquelas cuja presença e organização
transcendem a territorialidade, uma vez que contará com membros participantes
de diversos lugares.
5. Novos métodos. Novo ardor
e novas expressões, no dizer do Beato João Paulo II, requerem novos métodos. A
conversão pastoral requer abertura a realidades novas e a coragem de inovar e
não fazer sempre as mesmas coisas, utilizando-se das mesmas estruturas, muitas
vezes ultrapassadas. Supõe também, e antes de tudo, conversão pessoal, mudança
de coração e de vida, para, depois, sair de si e ir ao encontro dos irmãos,
especialmente os afastados, dando-lhes acolhida, propondo um retorno. Acolher
de modo especial os jovens, os pobres, doentes, os "contritos de
coração", (tristes, angustiados, deprimidos, solitários, etc...), oferecendo-lhes
amparo.
6. Novo ardor (Família e
missão). A Igreja, família dos discípulos de Jesus Cristo, é formada pelas
famílias. A pastoral familiar empreende esforço para ajudar os casais e as
famílias, buscando respostas a novas situações familiares, como a dos casais em
segunda união estável e outras ... A Igreja ajudará as famílias a educarem seus
filhos na fé, na piedade, na freqüência aos sacramentos, numa conduta exemplar.
Do novo ardor cristão nas famílias decorre um novo ardor vocacional e missionário.
7. Anúncio e Catequese. Não
se descuide da transmissão da fé (católica), a partir de um processo contínuo
de iniciação cristã (catecumenato) e formação catequética e doutrinal em todos
os âmbitos e para todas as idades. Serve de inspiração o Sínodo para a
"Nova evangelização para a transmissão da fé cristã", acontecido em
outubro de 2012, e que contou com a participação de cerca de 400 pessoas do
mundo inteiro e a presença do então Papa Bento XVI.
A perda de fiéis católicos e
os inúmeros desafios do mundo urbano deveriam suscitar na Igreja uma nova
missionariedade, um novo esforço, um novo entusiasmo evangelizador. Isso vem do
próprio mandato do Senhor ressuscitado aos apóstolos: "Ide por todo o
mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15). E também:
"Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto
vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos
séculos" (Mt 28,19-20). E ao prometer e anunciar a vinda do Espírito
Santo: "vós sois testemunhas disso" (Lc 24,48).
O documento de Aparecida
afirma que a "paróquia como comunidade de comunidades é a célula viva da
Igreja e o lugar privilegiado no qual a maioria dos fiéis tem uma experiência
concreta de Cristo e a comunhão eclesial"(DAp. N. 170).
Assim, o presente texto foi
elaborado tendo como primeira referência a vida e a prática de Jesus. Ele é o
modelo para nos orientarmos na missão de transformar a estrutura da paróquia em
comunidade de comunidades. Em seguida, apresentam- se, de modo sintético,
alguns elementos que a tradição cristã condensou como traços fundamentais da
vida eclesial. Iluminados pela Palavra e pela tradição teológica serão
identificados alguns desafios da realidade atual para a vida paroquial.
Finalmente, apresenta- se um conjunto de propostas pastorais tendo em vista a
renovação paroquial.
Agradecemos
a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que nos acolheu com muita alegria e
disponibilidade e a todos os catequistas que participaram e colaboraram para
que esta formação acontecesse.